Marina Silva: "Não adianta vir a Copenhague fazer algumas fotos
COPENHAGUE - Em seu primeiro compromisso público em Copenhague, onde chegou ontem para acompanhar a segunda semana de negociações da CoP-
" Não adianta vir a Copenhague somente para fazer uma foto " , disse, ao encerrar seu discurso no Klimaforum 09, evento que reúne ambientalistas de todo o mundo para debater de forma paralela às negociações oficiais as possíveis respostas ao desafio das mudanças climáticas. " A sociedade quer líderes que sejam capazes de assumir compromissos concretos " , afirmou.
" Isso vale para o presidente Lula? " , quis saber um repórter logo em seguida. " Vale para qualquer líder que venha para fazer apenas presença " , afirmou a senadora. Mas, ao trazer uma proposta sobre metas de corte das emissões de carbono, o Brasil chega com uma contribuição efetiva para as discussões, contemporizou. Embora essa postura do governo brasileiro, emendou, seja recente e decorra, segundo avalia, de pressões da sociedade civil, dos cientistas e da mídia.
Ao falar para um público formado majoritariamente por jovens, que a receberam com os aplausos mais calorosos que foram dados aos participantes do evento, onde também era esperada a queniana vencedora do Nobel da Paz Wangari Maathai, que não conseguiu chegar, a senadora lembrou seus " 30 anos de luta na Floresta " . E comemorou os primeiros frutos dessa trajetória - a queda de 60% no processo de redução do desmatamento na Amazônia , que será equivalente a 2 bilhões de toneladas de CO2 em quatro ou cinco anos, volume considerável frente ao compromisso de corte de emissões dos países
Para Marina Silva
Também é preciso cuidado em outras frentes, disse, como as possíveis mudanças no Código Florestal que podem significar retrocessos em termos de proteção ao ambiente. O Brasil, afirmou Marina, " precisa assumir uma postura mais ativa " . Isso significa que, ao lado da China e da Índia, o país " não pode mais se esconder atrás do princípio das responsabilidades comuns porém diferenciadas; diferenciadas não significa que não temos responsabilidade " .
Marina considerou que o texto preliminar acertado pelos delegados da CoP-15 para um possível compromisso global de corte das emissões, apresentado sexta-feira, tem uma " estrutura adequada " , mas precisa ser desdobrado em alguns pontos, como a definição de metas de cortes, pico de emissões de cada país e financiamento das ações de mitigação e adaptação cuja proposta considerou " muito tímida " .
Ela acredita que os países emergentes não precisam receber recursos para ações de adaptação, mas que, no caso da mitigação das emissões, é necessário um " esforço para todos os segmentos " . O mais importante em Copenhague, afirmou, " é não olhar apenas para a soma de interesses de cada país " . A senadora está convencida de que, se as negociações mantiverem esse viés, " a equação não vai fechar " .
Fonte valor on line
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