segunda-feira, 9 de maio de 2011

CUBA DA AMAZÔNIA

"Governo quer Judiciário ajoelhado nas escadarias do Palácio"



Os primeiros 120 dias da gestão do governador Tião Viana (PT) ficarão marcados pela inabilidade política dele e de sua equipe, que concorreram para medida extrema do Judiciário do Acre.

O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Adair Longuini, se viu compelido a ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação cautelar que tem como réus Tião Viana e o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Elson Santiago (PP).

Na posse de Adair Longuini, em fevereiro, Tião Viana afirmou que a Justiça do Acre "está em boas mãos", exaltou a trajetória do magistrado e destacou a atuação dele como juiz de Xapuri, onde presidiu o julgamento dos assassinos do líder sindical Chico Mendes.

- Vossa Excelência enaltece o nome do Judiciário do nosso Estado. Que Deus o ilumine - foram os votos do governador.

Viana e Longuini assinaram na ocasião um protocolo de intenção com o objetivo de unir forças na execução, em Rio Branco, do projeto Cidade da Justiça, destinado a reunir todas as unidades judiciárias da comarca da Capital em um mesmo local, promovendo economia de recursos, segurança patrimonial e acesso facilitado da população e da comunidade forense aos serviços da Justiça.

A lua de mel foi breve. Longuini logo se deu conta de duas situações graves que foram expostas por ele ao STF: a falta de participação do Judiciário na elaboração do orçamento estadual e a recusa do Executivo em devolver a contribuição previdenciária descontada indevidamente dos servidores da justiça.

A retenção indevida de parte dos duodécimos devidos ao Judiciário constitui, em tese, ato de improbidade administrativa, sujeitando o governador e sua equipe econômica às sanções da Lei. Nos últimos cinco anos o governo do Acre deixou de repassar R$ 35,8 milhões ao Judiciário. Segundo Longuini, isso "tem se constituído num verdadeiro abuso por parte do Executivo Estadual e enriquecimento ilícito".

O desembargador relata que tentou reiteradas vezes dialogar com o governador sobre essas questões, mas não foi atendido. Viana sequer respondeu aos ofícios encaminhados por Longuini.

Há duas semanas, Longuini enviou um último comunicado a Viana em que sinalizava que recorreria ao STF por se sentir "alijado, sistemática e propositalmente, das discussões preparatórias e, ainda, do processo legislativo para a elaboração das Leis de Diretrizes Orçamentárias”.

O gabinete do governador se movimentou e o secretário de Fazenda, Mâncio Lima Cordeiro, foi destacado para tentar dissuadir o presidente do Tribunal de Justiça de sua disposição de levar o caso para julgamento do STF.

- Não tenho o que conversar com o secretário. Necessito de diálogo é com o governador - teria dito Longuini quando consultado sobre o pedido de audiência de Mâncio Cordeiro.

Para Longuini, o silêncio de Viana aos pedidos do Judiciário, "todos legítimos, fala por si, e já reclama algum tipo de providência judicial, com a chancela do STF e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), antes que seja tarde."

- Só a força e respeitabilidade do STF e do CNJ poderão servir de fator dissuasório para os governadores e deputados estaduais, que ainda sentem o antigo ranço autoritário, que já foi sepultado em nosso País, e preferem ver o Judiciário historicamente ajoelhado nas escadarias do Palácio do Governo à cata de migalhas para complementar o seu modesto orçamento - critica Longuini na ação.

Assim como o governador, a imprensa do Acre silencia sobre o conflito institucional que se apresenta, conforme o próprio Longuini reconhece e alerta ao STF, "de consequências imprevisíveis, que ameaça comprometer o princípio da segurança jurídica, subvertendo, irremediavelmente, o sistema de separação dos Poderes".

Financiada e controlada pela máquina pública sob domínio do governador, a imprensa na verdade negligencia os fatos. A pedido, não noticia nada a respeito da crise institucional como se isso fosse mudar a realidade.

A reação do Judiciário reforça minha opinião de que o Acre virou a Cuba da Amazônia.


fonte blog do altino machado

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