terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Marina Silva: "Não adianta vir a Copenhague fazer algumas fotos

COPENHAGUE - Em seu primeiro compromisso público em Copenhague, onde chegou ontem para acompanhar a segunda semana de negociações da CoP-15, a senadora Marina Silva (PV-AC) deixou claro que sua rota e sua visão em relação ao meio ambiente são bastante diferentes das colocadas até agora pelo governo Lula, cuja sucessão ela deve disputar.

" Não adianta vir a Copenhague somente para fazer uma foto " , disse, ao encerrar seu discurso no Klimaforum 09, evento que reúne ambientalistas de todo o mundo para debater de forma paralela às negociações oficiais as possíveis respostas ao desafio das mudanças climáticas. " A sociedade quer líderes que sejam capazes de assumir compromissos concretos " , afirmou.

" Isso vale para o presidente Lula? " , quis saber um repórter logo em seguida. " Vale para qualquer líder que venha para fazer apenas presença " , afirmou a senadora. Mas, ao trazer uma proposta sobre metas de corte das emissões de carbono, o Brasil chega com uma contribuição efetiva para as discussões, contemporizou. Embora essa postura do governo brasileiro, emendou, seja recente e decorra, segundo avalia, de pressões da sociedade civil, dos cientistas e da mídia.

Ao falar para um público formado majoritariamente por jovens, que a receberam com os aplausos mais calorosos que foram dados aos participantes do evento, onde também era esperada a queniana vencedora do Nobel da Paz Wangari Maathai, que não conseguiu chegar, a senadora lembrou seus " 30 anos de luta na Floresta " . E comemorou os primeiros frutos dessa trajetória - a queda de 60% no processo de redução do desmatamento na Amazônia , que será equivalente a 2 bilhões de toneladas de CO2 em quatro ou cinco anos, volume considerável frente ao compromisso de corte de emissões dos países em desenvolvimento.

Para Marina Silva
, cuja estreia em Copenhague foi quase simultânea à da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que iniciou com uma hora e meia de atraso a coletiva que daria às 16h30, a proposta brasileira " é apenas um começo " . Ela avalia que a meta do país para corte das emissões - que varia de 36,1% a 38,9%, baseada em cerca de 50% na queda de desmatamento na Floresta Amazônica e no Cerrado -, além de recente, toma como base uma curva projetada, " um alvo móvel " . E considera necessário um detalhamento dessas metas com, por exemplo, objetivos específicos para o setor energético.


Também é preciso cuidado em outras frentes, disse, como as possíveis mudanças no Código Florestal que podem significar retrocessos em termos de proteção ao ambiente. O Brasil, afirmou Marina, " precisa assumir uma postura mais ativa " . Isso significa que, ao lado da China e da Índia, o país " não pode mais se esconder atrás do princípio das responsabilidades comuns porém diferenciadas; diferenciadas não significa que não temos responsabilidade " .

Marina considerou que o texto preliminar acertado pelos delegados da CoP-15 para um possível compromisso global de corte das emissões, apresentado sexta-feira, tem uma " estrutura adequada " , mas precisa ser desdobrado em alguns pontos, como a definição de metas de cortes, pico de emissões de cada país e financiamento das ações de mitigação e adaptação cuja proposta considerou " muito tímida " .

Ela acredita que os países emergentes não precisam receber recursos para ações de adaptação, mas que, no caso da mitigação das emissões, é necessário um " esforço para todos os segmentos " . O mais importante em Copenhague, afirmou, " é não olhar apenas para a soma de interesses de cada país " . A senadora está convencida de que, se as negociações mantiverem esse viés, " a equação não vai fechar " .

Fonte valor on line

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